É preferível chamar partidos para o governo do que se render ao orçamento secreto, diz Duarte Júnior

Vice-líder do 'superbloco' admitiu ciúmes da base de Lula na negociação de ministérios, mas avaliou que a coalizão deve aprovar 'pautas inegociáveis'

O deputado federal Duarte Júnior (PSB-MA). Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados

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O deputado federal Duarte Júnior (PSB-MA) admitiu o sentimento de ciúmes de partidos que apoiaram a campanha de Lula (PT) ao assistirem à tentativa do governo de distribuir cargos de ministérios ao Centrão, mas afirmou que a medida é necessária para que o Planalto expanda a sua base na Câmara.

Duarte Júnior é vice-líder do bloco que aglutina União Brasil, PP, PDT, PSB, Avante, Solidariedade, Patriota e a federação PSDB-Cidadania. A coalizão conta com 173 deputados.

Em entrevista ao programa Direto da Redação, no canal de CartaCapital no YouTube, nesta sexta-feira 21, o parlamentar avaliou que o orçamento secreto, praticado no governo de Jair Bolsonaro (PL), foi “o maior escândalo” da democracia brasileira.

“É claro que a gente fica assim: ‘poxa, o PP não esteve ao lado do Lula, não votou 13, fez arminha, votou 22, votou no Bolsonaro’. Claro que dá aquele ciuminho, eu que sou do PSB, companheiros do PCdoB. Mas é do jogo, é da democracia. É preferível chamar para fazer parte de forma democrática do que se render ao orçamento secreto, como o governo anterior fez”, declarou.

O orçamento secreto foi o maior escândalo de corrupção na história da democracia, no qual recursos foram destinados para municípios e, infelizmente, não se transformaram em resultados.

O parlamentar disse que há um “risco” de que mulheres percam cargos no primeiro escalão, mas que torce para que isso não ocorra. Nas últimas semanas, já estiveram na mira do Centrão as ministras Nísia Trindade, da Saúde, Ana Moser, dos Esportes, e Luciana Santos, da Ciência, além da presidenta da Caixa, Rita Serrano.


“Sem mentiras, devaneios e parábolas, é um risco que se corre. A gente precisa ter governabilidade, aprovar os projetos que são prioridades para a população, para as mulheres, para as pessoas com deficiência, para os mais vulneráveis. O que não pode acontecer é o governo perder a sua identidade”, afirmou. “É inevitável que essas composições ocorram, exatamente para que essas pautas inegociáveis possam avançar.”

“Mas torço e espero que a entrada de representantes do PP e do Republicanos no governo federal não traduza-se em redução de mulheres nos cargos de 1º escalão.”

Contudo, o deputado demonstrou simpatia pela entrada de André Fufuca (PP-MA) no governo. Durante a entrevista, Duarte relembrou momentos em que o líder do PP na Câmara apoiou o governo de Flávio Dino no Maranhão e a eleição de Carlos Brandão no estado.

“É importante olhar sem muito preconceito. Vou falar de quem eu conheço: o Fufuca, que é do Maranhão, é um grande amigo, fez parte do governo Flávio Dino e, agora, na eleição de Carlos Brandão, Fufuca foi aliado de primeira hora”, considerou.

Questionado se crê que o agrado aos partidos do Centrão garantirá a obtenção de votos para os projetos prioritários do governo, Duarte disse que “não dá para ficar em cima do muro”.

“Ninguém pode ter o conforto da vida de casado com as vantagens da vida de solteiro. Ou você é governo, ou você é oposição. Ou você tem as vantagens de ser governo, ou você assume as consequências de ser oposição”, declarou. “Acabou a brincadeira, é hora de ter respeito. Não dá para tergiversar.”

Confira a entrevista na íntegra:

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1 comentário

ricardo fernandes de oliveira 22 de julho de 2023 13h47
Ou seja, o orçamento era um escândalo porque era secreto. Fazendo isso as claras, e outra coisa

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